No turbilhão da modernidade, onde cada dia parece ser um labirinto sem saída, vivemos todos numa guerra constante: a guerra do tempo. Não é uma batalha declarada com armas ou exércitos, mas uma luta silenciosa, travada no interior de cada um de nós, contra o implacável avançar dos ponteiros do relógio.
Nunca como hoje o tempo foi tão escasso. As exigências profissionais, os compromissos pessoais, as notificações incessantes que piscam nos ecrãs, tudo compete pela nossa atenção. É uma corrida desenfreada, em que somos ao mesmo tempo guerreiros e prisioneiros, escravizados por agendas que ditam o ritmo de vidas que mal conseguimos controlar. Tornou-se um luxo parar, respirar e refletir. Até os momentos de lazer são frequentemente preenchidos com atividades que “precisam” de ser feitas, como se o descanso tivesse também de ser produtivo.
Este conflito, no entanto, não é apenas externo. Há uma guerra interna, uma tensão constante entre o que queremos fazer e o que devemos fazer. Há sonhos que adiamos, conversas que nunca temos e projetos que deixamos por realizar, tudo em nome de um amanhã que parece ser sempre mais promissor, mas que nunca chega.
A guerra do tempo traz consequências profundas. A ansiedade e o esgotamento tornaram-se epidemias silenciosas. A pressa de viver faz-nos esquecer como viver. As relações humanas sofrem, reduzidas a mensagens apressadas ou encontros furtivos encaixados entre outras prioridades. Até a nossa saúde, física e mental, paga o preço por esta batalha desigual.
Talvez seja altura de questionarmos esta guerra. Quem nos impôs esta luta? E, mais importante, como podemos travá-la?
O desafio para 2025 é conquistar a paz de cada um e a paz de todos.
Feliz 2025 para todos.
António José Ribeiro, Presidente da Direção da A2000