O António Gonçalves e a Liliana Baptista são naturais de Carrazeda de Ansiães, e estão ambos profissionalmente integrados em serviços distintos do Agrupamento de Escolas do concelho, com um Contrato de Emprego-Inserção + (CEI+).
Ambos fazem parte de um processo, que se espera bem-sucedido, de tornar este um concelho de referência na inclusão de pessoas com deficiência ou incapacidade (PCDI) no mercado de trabalho, no qual a A2000 participa desde o início. Contactados pela equipa técnica da A2000, destacada no terreno para identificar PCDI’s que necessitassem de apoio específico para se integrarem profissionalmente, o António e a Liliana aceitaram o apoio que lhes foi proposto pela A2000, e hoje estão a usufruir da sua oportunidade de integração.
Começando pelo António, são várias as tarefas que ele desempenha no seu local de trabalho, como ele explica. “O meu ingresso no mercado de trabalho começou com um levantamento de pessoas com limitações no concelho de Carrazeda de Ansiães, feito pela A2000. Foi aí que tomei conhecimento com a Associação, e soube que a instituição prestava apoio a pessoas com deficiência, para que pudessem ser integradas profissionalmente. Após o acompanhamento dado pela A2000, acabei por ser integrado, com o apoio da Câmara Municipal, na Escola Básica e Secundária de Carrazeda de Ansiães. Consoante as necessidades da Escola, faço várias tarefas, sendo que já passei pela limpeza, a portaria, a vigilância na biblioteca e até já levei correio. Até já dei apoio a um menino no refeitório. Gosto muito de trabalhar e de me sentir útil, e a A2000 acabou por ser uma «luz ao fundo do túnel», porque estava a isolar-me e a ter cada vez menos esperança de arranjar uma oportunidade, e graças ao apoio da A2000, esse objetivo concretizou-se! Consegui arranjar um trabalho, saio de casa, estou ocupado, sinto-me útil e estou plenamente integrado com as pessoas que cá trabalham, e que me receberam muito bem”.
Por sua vez, a Liliana descreveu as funções que exerce no Jardim de Infância do Agrupamento. “Quando chego de manhã, cumprimento as colegas e os meninos, e depois vou fazer a limpeza geral no exterior do edifício. Após essa tarefa, venho dar o lanche da manhã aos meninos de 3 aninhos, faço a limpeza da sala das refeições onde eles estiveram, para deixar tudo arrumado, e volto a fazer as mesmas tarefas durante o almoço das crianças.
Da parte da tarde, quando os meninos vão para a sala de brinquedos ou o recreio, fico a auxiliar uma outra senhora, caso precise de alguma ajuda. Há uma coisa que faço completamente sozinha – depois do almoço, pergunto a cada menino se quer ir à casa de banho, disponho-os tranquilamente numa filinha, e eles vão, de forma organizada”, revelou, a propósito de um exemplo ilustrativo de competência e autonomia no trabalho, de uma pessoa que vive um momento bastante positivo da sua vida. “Estou muito feliz e bem integrada, e este trabalho é muito importante para poder construir um futuro melhor para mim. Vocês, A2000, fizeram por mim um trabalho excelente, e tiveram um papel muito importante na minha vida. Sempre quis ter um trabalho para me tornar mais independente, e ultrapassar uma fase mais triste, em que andava sempre a chorar, para agora sentir-me útil, valorizada e acarinhada. Agradeço muito à A2000 e à Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães por esta mudança positiva na minha vida, bem como à Profª Noélia, que me recebeu aqui tão bem no Jardim de Infância! Muito obrigado por tudo!”.A propósito destas integrações, Adalgisa Barata, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães, sublinha que o objetivo da autarquia é “integrar para valorizar”, e ser o exemplo no sentido de dar passos importantes nesse trabalho. “O direito ao trabalho e emprego é um direito humano fundamental, contudo, esta realidade ainda está muito distante, sobretudo para as pessoas com algum tipo de deficiência. Consideramos que as medidas ativas de emprego são uma “alavanca” para a integração das pessoas com deficiência e incapacidade no mercado de trabalho, fator decisivo para a sua inclusão social. Acreditamos que, através da experiência em contexto laboral, será possível à autarquia criar verdadeiras oportunidades de inclusão e valorização destas pessoas permitindo, por outro lado, que as mesmas se sintam realizadas, valorizadas e autónomas economicamente. Penso que este será o início de uma transformação organizacional positiva, permitindo à autarquia a adoção de medidas e práticas inclusivas, promotoras de mudanças ao nível da igualdade”.
Em relação ao António e à Liliana, a Vice-Presidente da Câmara sublinha que a integração de ambos tem sido bastante positiva, e assume o compromisso de aprofundar este trabalho inclusivo, que muitos obstáculos terá de superar. “O modelo social da deficiência, expresso na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (UNCRPD), afirma que as pessoas com deficiência não se encontram incapacitadas pela sua deficiência, mas sim pelas barreiras existentes na comunidade que impedem a igualdade no acesso à informação, serviços, transporte, habitação, educação, formação e emprego. Todos, sem exceção, consideramos necessária e urgente a inclusão das pessoas com deficiência para alterar a realidade enraizada nas autarquias e em todas as entidades e empresas. Para isso, é necessário destruir as barreiras existentes, criando um ambiente favorável à participação ativa destas pessoas na vida comunitária. O Município de Carrazeda está com certeza a trabalhar nesse sentido, integrando, combatendo o preconceito, destruindo barreiras e reconhecendo a igualdade entre as pessoas. É este o principal papel da autarquia neste momento”, asseverou.
A concluir, Adalgisa Barata enaltece o trabalho da A2000 nesta missão, no âmbito de uma parceria que se espera bem profícua. “Desde o primeiro contacto com a A2000, tivemos a noção que esta parceria seria uma mais-valia para nós. Ajudou-nos no levantamento do número de pessoas com deficiência ou incapacidade (que não tínhamos) no nosso concelho, bem como na integração de duas pessoas com deficiência, levando-nos de uma maneira muito subtil a mentalizar-nos que temos que os acompanhar sem os fazer sentir incapazes, a termos o cuidado de saber como se estão a integrar no seu ambiente de trabalho, e o mais relevante, do meu ponto de vista, a termos de valorizar este trabalho da Associação que, apesar de não ser visível ao comum cidadão, apresenta uma relevância enorme no incremento da solidariedade entre nós. Se me é permitido, quero agradecer à A2000 o facto de ter “entrado” no nosso concelho e, de certa maneira, ter agitado as nossas mentes para esta causa que muitas vezes nos passou despercebida. O nosso bem-haja”.
Fátima Teixeira e Gonçalo Novais, Técnicos da A2000