Integração Profissional

Francisco Silva com empresário Pedro Marta e logo da Martha's Wines and Spirits
  • Martha’s Wines & Spirits
  • FRANCISCO SILVA

O Francisco Silva é um jovem adulto natural do Peso da Régua que se encontra profissionalmente integrado com um Estágio-Inserção na empresa Martha’s Wines & Spirits, sediada na União de Freguesias de Lobrigos (S. Miguel e S. João Baptista) e Sanhoane, no concelho de Santa Marta de Penaguião.

Nas suas declarações relativas à atividade profissional que desenvolve, o Francisco contou-nos o seu trajeto formativo na A2000 antes de chegar ao mundo do trabalho. “Quando acabei os estudos no Ensino Secundário, iniciei o meu percurso na A2000, onde tirei dois cursos de formação contínua, um de Empregado de Restauração e outro de Auxiliar Educativo, seguidos de um curso de formação inicial de dois anos na área de Assistente Familiar e de Apoio à Comunidade. Após um ano em sala, tive logo a oportunidade de fazer a minha formação prática em contexto de trabalho no Martha’s, que era um local onde queria, de facto, experimentar trabalhar”.

No âmbito profissional, o Francisco fala-nos de um processo de integração que tem sido marcado por uma cada vez maior complexidade de tarefas solicitadas e uma crescente responsabilidade dentro da empresa. “No início, foram-me dadas tarefas mais simples, e comecei no embalamento. Com o decorrer do tempo, comecei a trabalhar na parte do engarrafamento, a colocar as garrafas na linha, a fazer as paletes ou a ajudar na limpeza das máquinas de engarrafamento. Além destas tarefas, estou sempre disponível para apoiar noutras funções sempre que for preciso”, referiu, antes de assumir que quer «agarrar» a oportunidade que lhe foi dada. “Estas experiências ajudaram-me a desenvolver competências de relacionamento com os outros e hoje sou mais comunicativo e interajo bastante bem com os colegas. Além disso, sinto-me mais preparado para as exigências do mercado de trabalho e para o trabalho em equipa ao nível de várias tarefas, que levam a sentir-me capaz de cumprir vários tipos de desafios. Neste sentido, tenho que agradecer imenso à A2000, porque também foi graças à minha formação na Associação que me foi incutido o sentido de responsabilidade que hoje me é muito útil no trabalho que faço. Graças a esta oportunidade, vou conseguir ter capacidade financeira para coisas que tinha pensadas há algum tempo, como tirar a carta, e agora tenho que dar o meu melhor para merecer a confiança depositada em mim”.

Por seu turno, o administrador geral da Martha’s Wines & Spirits, Pedro Marta, começou por falar de uma relação com a A2000 que considera uma mais-valia para a sua empresa. “Quando me perguntam para descrever a relação da nossa empresa com a A2000, a primeira palavra que me surge é ‘gratificante’. Graças a esta parceria com uma Associação fundamental para a nossa região, temos a noção de que estamos a ajudar, direta e indiretamente, uma série de famílias e, por consequência disso, de pessoas. Como empresa, queremos ter uma vocação social bastante forte no nosso funcionamento e, por via disso, encaramos o trabalho com cada uma das pessoas que aqui integramos como parte dessa missão que ambicionamos concretizar, independentemente das mais-valias e competências que cada uma destas pessoas seja capaz de acrescentar à organização, o que tem sido bastante frequente. Aliás, é importante sublinhar o papel muito importante da A2000 neste processo de caracterização dos candidatos e da identificação das suas potencialidades e aspetos a melhorar, que nos permitem fazer um melhor enquadramento da pessoa quando ela chega à organização”.

Questionado sobre a relevância da responsabilidade social no funcionamento de uma empresa, Pedro Marta desenvolveu a sua opinião na perspetiva de gestor. “A responsabilidade social tem um peso gigante no sucesso de uma empresa. Partindo do pressuposto de que somos uma empresa familiar localizada em Santa Marta de Penaguião, olho para os meus filhos e sobrinhos e penso em como é importante construir uma marca/nome de família que, dado o nosso historial familiar e empresarial que nos foi legado pelas gerações que nos antecederam, consiga conjugar, no nosso «portfólio mental» enquanto empresa, a importância de uma boa gestão em paralelo com um sentido de responsabilidade social que faz parte da minha educação. Queremos que as pessoas reconheçam em nós um papel social relevante, como imagem de uma empresa que oferece produtos de qualidade na região do Douro, que funciona de forma competente, que é constituída por trabalhadores satisfeitos com as suas condições de trabalho, que está inclusive a crescer, mas que, além de tudo isso, assume a sua função social de forma natural, sem necessitar de se projetar empresarial e financeiramente à custa de donativos que dê a instituições. Mais do que construir uma imagem apenas para o exterior, queremos incorporar no nosso funcionamento diário os valores sociais em que acreditamos”, referiu.

Em relação aos processos de integração já existentes na empresa com a colaboração da A2000, Pedro Marta explicou de que forma a sua equipa se acomodou ao trabalho de integrar os novos colegas. “Um primeiro desafio que senti foi conseguir passar a mensagem da importância de acolher e apoiar cada novo formando ou estagiário na sua evolução, aos trabalhadores que já cá estavam. Nem sempre é fácil para um gestor explicar a certos elementos da equipa a importância da responsabilidade social numa empresa e a necessidade de ajudar na formação e evolução de colegas com certo tipo de incapacidades para que se tornem mais-valias em contexto de trabalho mas a verdade é que, com o decorrer dos primeiros processos de integração, os próprios colaboradores da nossa empresa já estavam ativamente todos envolvidos no apoio aos colegas e começavam a perceber os vários aspetos positivos deste trabalho, que hoje é claramente mais fácil”, desvendou, além de fazer uma introspeção sobre a influência que lidar com estes trabalhadores teve na sua própria forma de liderar e gerir.

“Uma das características menos positivas que me apontavam enquanto gestor era a impulsividade, nomeadamente na reação ao erro. Trabalhar com estes novos colegas obrigou-me, desde logo, a ter uma forma de atuação mais pedagógica, assente na identificação e explicação do erro cometido e da forma como se devem executar corretamente as tarefas solicitadas, numa abordagem mais centrada no processo, no esforço de olhar para as coisas na perspetiva do «outro» e numa atitude mais ponderada antes de qualquer «feedback» que se dê a qualquer colaborador. Neste âmbito, este trabalho da empresa com a A2000 trouxe-me ganhos objetivos em termos de capacidade de liderança e gestão”.

Perante tantas mudanças relevantes no seio da organização, o administrador da Martha’s Wines & Spirits, herdeira de um legado histórico na produção vinícola que remonta ao séc. XVIII, faz um balanço bastante positivo do trabalho efetuado em parceria com a A2000, além de se mostrar satisfeito por perceber que a empresa consegue combinar, com sucesso, a qualidade do seu trabalho com os valores sociais que quer transmitir e defender. “Integrar um trabalhador destes na nossa cadeia de produção de valor passa, sobretudo, pela sua responsabilização, definindo desafios e objetivos ou integrando-o nas formações e nas tomadas de decisão. Nesta lógica integrámos, por exemplo, o Francisco na execução de tarefas, fomos corrigindo os erros cometidos e percebemos que ele começou a adquirir uma autonomia crescente na realização do seu trabalho. Ao longo deste processo de evolução em que acompanhamos a pessoa que integramos, é gratificante assistir ao desenvolvimento de competências ao ponto de, no caso do Francisco, ele já ser capaz de detetar fatores de «não-qualidade» que são fundamentais na criação de um produto de qualidade. Claro que há casos mais simples e outros mais exigentes de integração, mas a verdade é que, olhando para trás, fomos capazes de criar uma cultura inclusiva na nossa organização que trouxe mais-valias à empresa e que hoje é abraçada por todos. Daí a importância de termos parcerias tão estreitas como a que temos com uma instituição como a A2000”, concluiu.

Ana Augusto e Gonçalo Novais, Técnicos da A2000

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