Desta vez, para este pequeno espaço, trago um tema que, foi muito debatido nas redes sociais e, tem sido alvo de muitas questões por parte de alguns pais que acompanho, no âmbito da Intervenção Precoce, cujos filhos são muito tímidos e não gostam de beijos: “dar ou não beijinho à avó/ avô” e até que ponto se deve ou não “obrigar” a criança a fazê-lo.
É um tema alvo de muitas opiniões, uns defendem, outros condenam… cada um terá, certamente, a sua opinião e as suas razões, por isso, não vou contestar nem apoiar nenhuma das considerações, vou apenas abordar a questão enquanto psicóloga, não deixando completamente de lado o sentimento relativamente à questão.
Assim, há dois pontos em que nos devemos focar: em primeiro lugar, a razão pela qual a criança não quer dar um beijo; em segundo lugar, e num patamar muito mais sentimental, vem a importância dos avós na vida da criança, pois falarmos em beijar os avós e não em beijar outra pessoa com quem não se tem grande afinidade, o que é bastante diferente.
Vamos pensar, então, na nossa primeira questão: Porque é que a criança não quer cumprimentar ou dar um beijo? Devemos, analisar qual a razão que está implícita nesse comportamento:
1. Porque está a fazer uma birra;
2. Porque está rabugenta (pode estar com sono, doente,…);
3. Porque está contrariada com os pais, por qualquer razão, e está a fazer o oposto daquilo que lhe estão a dizer para fazer;
4. Porque vê aquelas pessoas poucas vezes e poderá não as identificar como próximas;
5. Porque na vez anterior em que estiveram juntos, lhe disseram ou fizeram algo que ela não gostou;
6. Porque não gosta de beijos e que o apertem (porque sabemos que muitas pessoas mostram o seu afeto através de abraços apertados e muitos beijos seguidos);
… haverá ainda, outras razões que mesmo sendo menos comuns podem influenciar o comportamento de uma criança. Como tal, cabe aos pais, em primeira instância, perceber qual a razão implícita naquele momento para que possam responder da forma mais adequada possível à situação presente e até, sempre que possível, antever essas situações. Por exemplo, se a criança vê poucas vezes os avós, os pais podem, previamente, conversar com a criança sobre as pessoas que vão visitar e dizer-lhes qual o comportamento que devem adotar, para que esta não veja o beijo como uma obrigação mas sim como um cumprimento.
Pensando agora na segunda questão, ou seja, na importância que um avô ou avó tem na vida de uma criança, quero fazer-vos refletir um pouco acerca dessas pessoas. Mas afinal, quem são os avós? São simplesmente, os pais dos pais, os pilares de toda uma vida, aqueles que, durante anos, têm vindo a mimar e a proteger, a educar e a acompanhar os filhos, que neste momento são pais e têm uma criança que é adorada por eles, sem qualquer limite.
Os avós, para além de tudo o que fazem como pais, fazem tudo e muito mais pelos netos. Voltam a ser crianças e a relembrar, com amor, o tempo em que os filhos eram pequenos. Dão amor incondicional, não esperando nada em troca… mas derretem-se quando veem um sorriso, ou levam um beijinho e um abraço.
Então, será que perante isto, não se deve insistir para a criança beijar os avós? Dar beijinho a alguém tão importante é o mínimo que se pode fazer para retribuir um pouco do amor que se recebe.
Mas claro que não considero pertinente obrigar uma criança ou fazer chantagem com ela, mas sim chamá-la à atenção, insistindo e até tentando persuadi-la a fazê-lo, para que perceba que não só é uma questão de respeito e educação, mas acima de tudo um ato de amor e carinho.
E, obviamente que cada um deve fazer o que acha melhor, até porque para se ser educado ou simpático basta dizer apenas um “olá”, não é necessário que o beijinho o acompanhe, mas isso, depende da educação e da personalidade de cada um.
Joelma Sequeira Monteiro, Psicóloga