O Inquérito Apreciativo (IA) é uma abordagem que apela à memória dos nossos sucessos, do que funciona bem na nossa equipa, no nosso modo de trabalhar.
Um paradigma que surge no âmbito das organizações, como estratégia para a mudança em alternativa à “resolução de problemas” David L. Cooperrider, um dos seus fundadores, apela para que prestemos especial atenção ao melhor do nosso passado e presente, para promover um imaginário coletivo do que poderia ser. O Inquérito Apreciativo permite-nos precisamente ter consciência do valor, força e potencial que há em nós e nos outros.
Em 1997 Luís Miguel Neto (Professor universitário do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP)) trouxe para Portugal a metodologia do Inquérito Apreciativo que se foca onde a organização pretende chegar, tendo em conta os momentos altos que já teve. Podemos sempre melhorar, mas é fundamental ver o que já está a funcionar. Tal abordagem dá-nos então a consciência do que temos feito e conseguido. Ganhamos confiança em nós para nos permitirmos ter mais momentos de sucesso.
A concretização do Inquérito Apreciativo inclui questões que: Discriminam os melhores momentos e situações do desempenho das pessoas; Especificam os tópicos mais relevantes no funcionamento das organizações, grupos e comunidades; Pretendem amplificar e generalizar aqueles momentos experiencial e funcionalmente mais relevantes.
Assim, a formação interna do dia 1 de agosto na A2000 começou pela apresentação das noções básicas sobre o Inquérito Apreciativo (suas 4 dimensões: Descoberta, Sonho, Design, Implementação) e como aplicá-las em diferentes momentos em que seja necessário olhar a realidade/problema/ conflito/ equipa por um prisma mais construtivo e positivo.
Como a A2000 é “feita de pessoas” e como trabalha com, e para pessoas, é frequente surgirem dificuldades relacionais: Conflitos. O Inquérito Apreciativo aborda o conflito como um momento de reflexão e uma oportunidade de mudança pessoal, do grupo, da organização, conduzindo a uma reformulação do conceito de grupo, dos compromissos, das responsabilidades e mudanças a implementar no trabalho de cada um para que se alcance, em pleno, o trabalho de equipa.
No dia 2 concluíram-se os trabalhos sobre o que os colaboradores da A2000 identificam como sucessos, apresentaram os seus sonhos para a A2000, planearam como pretendem implementá-los e, introduziu-se o conceito de Avaliação de Impacto na área de intervenção social. Nesta área a Avaliação de Impacto vai indagar: Quais os Efeitos Duradouros ou Estruturais que perduram; Quais os Efeitos Indiretos e Inesperados do projeto/atividade, durante ou após este, que afetaram cada um dos intervenientes (clientes, colaboradores, parceiros, comunidade, organização, etc.). Fez-se um exercício prático com a necessária definição de Indicadores/critérios de avaliação de impacto qualitativos e o estabelecimento de critérios quantitativos para cada um. De tarde fez-se um exercício em pequenos grupos para análise da A2000 à luz dos indicadores do EQUASS, para ver quais os Princípios onde há mais fragilidades.
No dia 3 reuniram-se apenas os colaboradores com menos de 12 meses de casa e contou-se a “história da conceção e nascimento da A2000” e como cada tropeço serviu de alavanca para a projetar. Abordou-se o o Modelo de Qualidade de Vida e o Plano Individual, seu preenchimento, definição de objetivos SMART, etc., porque é um instrumento importante e que requer o envolvimento de todos.
Marina Teixeira, Diretora Técnica
Depoimento da colaboradora Eliana Medeiros, sobre a formação interna:
A formação interna abordou o Trabalho em equipa, o Inquérito Apreciativo; a Avaliação de Impacto; os Princípios e Indicadores do EQUASS, mas vou referir aquilo que foi mais impactante para mim: “Daqui para a frente só depende de cada um de nós…” – foi a frase de abertura do dia 1 de agosto, a qual deixou os colaboradores a pensar… Depois na abordagem ao trabalho em equipa referiu-se que este segue um ciclo de 5 estádios (a constituição, a tempestade, o normativo, a cooperação e a realização)por isso os “conflitos” fazem parte, o importante é reformular e encará-los como uma oportunidade para criar uma relação de trabalho ideal.
Falou-se na Autoaceitação, ou seja, aceitar o que sou e focar no que posso mudar, pois o importante é o uso que damos àquilo que temos. Um insucesso pode ser visto como um grande contributo para que se possa melhorar e não voltar a fazer o mesmo.
A Avaliação de Impacto social, na perspetiva de Roque Amaro pretende perceber o que continuou depois de acabar o fim do projeto, ou seja avaliar o que permaneceu ou floresceu, com todos aqueles que direta ou indiretamente interagiram no e com o projeto.
De uma forma geral, as abordagens efetuadas permitiram reforçar a ideia que o trabalho em equipa é importante para atingirmos o objetivo em comum e ao mesmo tempo; pegarmos nas contrariedades para melhorarmos a nossa participação e envolvência na equipa e na comunidade. Melhorando desta forma, a nossa ação enquanto agentes de mudança na vida dos que mais precisam.
Eliana Medeiros, Técnica de Serviço Social