Formação Interna

“É na partilha que enriquecemos e crescemos” e a A2000 fomenta esta realidade dentro da sua equipa técnica.

Atualmente, a A2000 reúne uma equipa multidisciplinar rica e com competências diversas, pelo que, todos têm alguma coisa para ensinar. Por isso as colaboradoras Olinda Coutinho (Psicóloga) e a Paula Nóbrega (Psicomotricista) conceberam uma ação formativa sobre Ambientes Multissensoriais; o colaborador Filipe Tenda (Psicomotricista e Treinador de Futebol) ministrou uma ação sobre Desporto Adaptado; o António José Ribeiro (Presidente da A2000) apresentou Estratégias de fundraising; a Ana Rita Fernandes (Psicomotricista) ministrou formação sobre Estratégias De Intervenção Em Contexto Educativo com Pessoas com Perturbação de Especto Autista; a Marina Teixeira (Psicóloga) ministrou formação sobre Pedagogia da Interdependência e Planeamento Centrado na Pessoa; tivemos ainda uma convidada – Rita Tavares (Advogada) – que nos veio apresentar o Regime Geral da Prevenção da Corrupção e Infrações Conexas. 

Desporto Adaptado

O Filipe Tenda concebeu uma ação para 15 colegas da A2000 sobre as modalidades desportivas de Boccia DI, Hóquei DI e Polybat, com os objetivos de capacitar os técnicos da A2000 sobre as regras e regulamentos específicos de cada modalidade; planear e implementar sessões de treino e atividades recreativas adaptadas; avaliar e adaptar os equipamentos e o ambiente conforme as necessidades dos praticantes.

Assim, no dia da ação, da parte de manhã, decorreu a componente teórica onde se apresentaram as modalidades (Boccia DI, Hoquei DI e Polybat), seus regulamentos e materiais que cada uma envolve. Também se abordou a situação atual do desporto na A2000 não só na perspetiva de fomentar a inclusão, a cooperação e a autonomia dos praticantes no contexto desportivo, mas também em termos de fomentar a participação ativa dos nossos atletas/praticantes nas competições e eventos desportivos adaptados regionais e até nacionais.

Na parte da tarde decorreu a componente prática no pavilhão gimnodesportivo da A2000 onde os técnicos tiveram contacto com as modalidades e vivenciaram experiências de possíveis exercícios de treino para aplicarem nas sessões de desporto, ficando dotados de estratégias e competências que lhe permitem ser árbitros das modalidades em torneios não oficiais.

Segundo o feedback dos participantes foi um dia de desporto inclusivo que decorreu de uma forma fantástica e entusiasmante.

Ambientes Multissensoriais: como potencializar?

No ano transato, a A2000 viu aprovada uma candidatura pelo Fundo de Sustentabilidade do Hotel Six Senses – Douro Valey, para aquisição de equipamentos de estimulação sensorial, com os quais equipou uma sala de Snoezelen. Surgiu agora a oportunidade de capacitar a generalidade dos técnicos para poderem explorar esta “sala de oportunidades”.

A Olinda Coutinho e a Paula Nóbrega conceberam uma formação na área dos “Ambientes multissensoriais – sala Snoezelen” para 24 técnicos (divididos em dois grupos), levando-os à exploração das potencialidades dos ambientes multissensoriais, introduzindo-os na conceção de estratégias criativas e motivadoras, quer a nível terapêutico, quer na promoção do bem-estar dos nossos clientes.

No decorrer desta ação, foram abordados aspetos fundamentais da metodologia de intervenção em espaços multissensoriais, em particular, a utilização de equipamento Snoezelen. Esta formação foi pautada por momentos de partilha da equipa transdisciplinar, com vista à definição de boas práticas para estes contextos.

Para além das orientações para intervenção surgiram três eixos de reflexão: o reconhecimento da potencialidade desta estratégia, a necessidade de um plano formação continua neste âmbito e o interesse na expansão da abordagem multissensorial a outros contextos.

Face ao interesse demonstrado pelos participantes, ficou a expectativa de se realizar uma nova ação para aprofundar alguns aspetos  e abordagens dos materiais e sentidos.

“Construímos momentos percetuais na nossa mente e, se tudo correr bem, podemos memorizá-los e, mais tarde, recordar esses momentos (…) e trabalhar com eles na imaginação.” António Damásio (2017) in “A estranha ordem das coisas”

Estratégias de fundraising;

Fundraising (angariação de fundos), é essencial para organizações sem fins lucrativos e projetos sociais que dependem de financiamentos estatais para manter suas atividades. No caso da A2000, que está envolvida em obras para edificação de 2 Lares Residenciais, um Centro de Atividades e Capacitação para a Inclusão (CACI) e 2 residências de autonomização e inclusão (RAI), para além do custo da aquisição do edificado da sede, o fundraising é fundamental para pagar a dívida e todos os compromissos financeiros.

Assim, todos os colaboradores participam na angariação e recebem formação sobre as diversas estratégias que podem implementar individualmente ou em grupo, de modo a que entre doadores (grandes e pequenos), sorteios, eventos, parcerias, marketing digital etc. a A2000 consiga uma verba mensal adicional e regular que em muito contribui para manter em dia os seus compromissos com os clientes e a qualidade dos serviços que presta, bem como com os fornecedores, colaboradores e a Banca.

Estratégias De Intervenção Em Contexto Educativo com Pessoas com Perturbação de Especto Autista

A Ana Rita Fernandes apresentou o conceito de Perturbação e Espectro de Autismo (PEA) segundo a DSM-5 e a CID-11. Em síntese a PEA carateriza-se por défices persistentes na comunicação e interação social, em vários contextos, incluindo défices na reciprocidade social, nos comportamentos comunicativos não-verbais utilizados para a interação social e nas competências de desenvolvimento, manutenção e compreensão das relações. Caracteriza ainda esta perturbação pela presença de comportamentos, interesses e atividades de padrões restritos e repetitivos.

Abordou alguns instrumentos de avaliação, mas focou-se principalmente nas Estratégias de Intervenção Pedagógica nos Métodos e programas de Intervenção, dos quais apresentou o mais detalhadamente:

– o Programa ABA (Applied Behavior Analysis, ou Análise do Comportamento Aplicada) que se inicia preferencialmente antes dos 3 anos e que envolve uma avaliação detalhada das habilidades e comportamentos da pessoa, com base na qual é criado um plano de intervenção personalizado, que define objetivos específicos e mensuráveis, focando em habilidades sociais, comunicação, autocuidado, habilidades acadêmicas, e comportamentos adaptativos. As intervenções ABA utilizam técnicas como reforço positivo, onde comportamentos desejados são incentivados através de recompensas, e modelagem, onde comportamentos são ensinados através de exemplos e repetições. Neste método a participação da família é crucial. Pais e cuidadores são treinados para aplicar as técnicas de ABA no quotidiano, garantindo que as habilidades aprendidas sejam generalizadas e mantidas fora das sessões terapêuticas.

– o Programa TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Communication Handicapped Children) é uma intervenção pedagógica voltada para pessoas com autismo e outras deficiências relacionadas com a comunicação. Também parte de uma avaliação abrangente das competências cognitivas, de comunicação, motoras, sociais, e de autocuidado, para entender melhor áreas fortes e de desafio da pessoa para depois definir os objetivos de Autonomia, Comunicação, Redução de Comportamentos Desafiadores e de Facilitação da Inclusão. Este programa tem 5 elementos estruturantes que exigem uma Organização do espaço físico que proporcione clareza e previsibilidade para a pessoa com autismo: calendários e horários visuais que ajudam a pessoa a entender e antecipar as atividades diárias; áreas específicas para diferentes atividades (como trabalho, lazer, alimentação), ajudando a pessoa a entender o que é esperado em cada contexto; Instruções visuais que mostram claramente o que deve ser feito, em que ordem, e como saber quando uma tarefa está concluída. Focado nas Forças e Interesses Individuais para manter a motivação, promove o desenvolvimento de Habilidades Funcionais que podem ser aplicadas no dia a dia, promovendo a independência da pessoa, mantendo sempre o envolvimento da família, a qual recebe treino para continuar a aplicação das estratégias em casa e em outros ambientes.

Pedagogia da Interdependência e Planeamento Centrado na Pessoa

John McGee, fundador desta abordagem, salienta que na origem das dificuldades comportamentais e de relacionamento, está a falta, ou a quebra, de laços mútuos de afeto da pessoa. A Pedagogia da Interdependência respeita as pessoas e não lhes impõe mudanças, pois o único comportamento que podemos controlar e mudar é o nosso.

O papel dos profissionais deixa de ser o de orientador e detentor do saber, para passar a ser o de um companheiro com competências especiais e, é através do comportamento autodisciplinado, gentil e respeitador dos profissionais que dão às pessoas os meios necessários para que elas tentem mudar na direção do amor e do companheirismo.

Abordaram-se os 4 Pilares da Pedagogia da Interdependência:

– Sentir-se seguro; sentir-se amado; ser capaz de amar; sentir-se envolvido.

Para no final a pessoa fazer coisas não porque a mandamos fazer ou lhe pedimos para o fazer, mas porque gosta de nós e têm em relação a nós sentimentos tão positivos que, naturalmente, procura agradar-nos.

As ferramentas da Pedagogia da Interdependência são a nossa presença, as nossas palavras, as nossas mãos e os nossos olhos – são elas que nos colocam em conexão uns com os outros. E, as pessoas transformam-se quando adquirem (novas) memórias de que a vida é feita de coisas como companheirismo e comunidade.

O Planeamento Centrado na Pessoa (Fundadores: John O´Brien e Connie Lyle O’Brien) é a estratégia que se interliga com a abordagem da Pedagogia da Interdependência no sentido de criar um plano de trabalho contínuo para a criação das condições que facilitem a participação da pessoa em todos os aspetos da vida comunitária, partindo sempre da visão de um “futuro desejado” por ela. A escuta atenta e de “coração aberto” do profissional conseguirá apoiar a pessoa a construir um caminho em direção ao seu sonho, sempre envolvendo as pessoas da comunidade, pois somos todos interdependentes uns dos outros.

Regime Geral da Prevenção da Corrupção e Infrações Conexas

A Advogada Rita Tavares apresentou o decreto-Lei nº 109-E/2021 de 9 de dezembro que cria o Mecanismo Nacional Anticorrupção e estabelece o Regime Geral de Prevenção da Corrupção (RGPC) – entende-se por corrupção uma conduta que envolve o abuso de um poder ou função, de forma a beneficiar um terceiro contra um pagamento de uma quantia ou outro tipo de vantagem.

A corrupção e infrações conexas (artigo 3º RGPC) é um fenómeno disseminado em diversas áreas sociais e económicas pelo que é necessário implementar Instrumentos de Prevenção, no âmbito da Estratégia Nacional Anticorrupção.

As Pessoas coletivas, de natureza pública, privada ou outra, com sede em Portugal que empreguem 50 ou mais trabalhadores são abrangidas pelo Regime Geral de Prevenção da Corrupção (RGPC), ainda não é o caso da A2000, mas como se prevê que no próximo ano duplique o número de trabalhadores já está a iniciar a implementação de um Plano de Prevenção de riscos de corrupção e infrações conexas e já adotou um Canal de Denúncias externo (através da Federação de entidades Formadoras na área da Deficiência: FORMEM).

Cumpriu-se, com esta ação formativa para os colaboradores, o primeiro passo de prevenção do risco de corrupção que é esclarecer e alertar para os comportamentos de risco, salientando que se o Código de Conduta for cumprido o risco é mínimo.

Marina Teixeira, Diretora Técnica da A2000

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