A motricidade fina é a capacidade para executar movimentos de precisão com controlo e destreza como, por exemplo, usar uma tesoura ou um lápis de forma eficiente. No fundo, é a maneira como usamos os dedos, as mãos e os braços de forma coordenada para executar determinada atividade.
Quando a criança nasce, a motricidade fina não está desenvolvida, pelo que precisa de ser trabalhada. Por isso, é importante que crie condições para que a criança explore, descubra e experimente novas formas de utilizar os objetos.
Esta capacidade está diretamente relacionada com informações visuais e cinestésicas, existindo uma coordenação entre os dados captados visualmente através da visão, com os dados captados manualmente através do tato. O desenvolvimento da motricidade fina depende de fatores biológicos, como a maturação do sistema nervoso, e o desenvolvimento psicomotor, além de fatores ambientais.
No que diz respeito ao desenvolvimento da motricidade fina, Harms, M.Clifford, & Cryer (2008) referem que é importante que “no contexto de sala de atividades no Jardim de Infância existam materiais de motricidade fina adequados ao desenvolvimento e acessíveis às crianças para que possam utilizar diariamente. É fundamental que os materiais estejam bem organizados e que haja materiais de diferentes níveis de desenvolvimento para que as crianças consigam progredir no seu desenvolvimento.”
Segundo o DEB (1997), “…O desenvolvimento da motricidade fina insere-se no quotidiano do Jardim-de-Infância, onde as crianças aprendem a manipular diversos objetos.” Aliás, negligenciar esta área de aprendizagem é criar dificuldades de aprendizagem onde as crianças terão mais obstáculos em ultrapassá-las (Vasconcelos, 2005).
ATIVIDADES PARA A MOTRICIDADE FINA: devem começar cedo, desde que a criança seja capaz de segurar objetos com as mãos, de entender e realizar tarefas. Seguem-se algumas sugestões que também podem ser implementadas em casa:
1. Rasgar papel livremente: em pedaços grandes, em tiras, em pedaços pequenos. Inicialmente use papel menos espesso e vá aumentando o nível de resistência;
2. Recortar com tesoura: treinar a forma de segurar a tesoura, cortar o ar, sem papel. Recortar vários tipos de papel;
3. Colar recortes em folha de papel livremente, recortes em folha de papel apenas numa área determinada, recortes sobre uma linha vertical, recortes sobre uma linha horizontal, recortes sobre uma linha diagonal.
4. Modelar com plasticina em formas circulares, esféricas, achatadas nos topos, ovais, o que a imaginação permitir!
5. Fazer furos em folha de cartolina com agulha de crochê ou caneta sem carga.
6. Encaixar objetos uns dentro dos outros, podem ser brinquedos maiores dentro de um pote de sorvete, por exemplo.
7. Enfiar um cotonete dentro de uma palhinha, de diversas espessuras.
8. Colocar missangas dentro de um fio de lã e criar um cordão;
9. Colocar tampas nos frascos que se tem dentro de casa;
10. Guardar botões dentro de um pote, sem abrir: Deve fazer um corte numa tampa de plástico, com espaço suficiente para passar um botão. A atividade consiste em conseguir colocar os botões dentro do pote, passando pelo buraco da tampa;
11. Encaixar vários clips uns dentro dos outros até criar uma espécie de pulseira.
12. Pintar um desenho com os dedos ou com pedaços de esponja;
13. Brincar com bonecas, é possível pintar as unhas de uma boneca, maquilhá-la e pentear os seus cabelos;
14. Fazer puzzle, existem diversos tipos, mas deve sempre levar em consideração a idade da criança;
15. Jogo com a bola, como bowling, encaixar a bola no cesto de lixo, guardar todas as bolas numa caixa;
Esses tipos de brincadeiras ajudam a criança a desenvolver-se melhor e a ter mais coordenação motora (e oculomotora), o que vai ajudar nas tarefas diárias, como abotoar uma camisa ou amarrar os cordões dos sapatos, por exemplo.
Carlla Tancredi, Fisioterapeuta